Sociologia Uneb
"Um dia entenderemos as flores, e elas nos dirão que só pode produzir perfume quem não teve medo de florescer." Ademar Bogo
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Os jovens de hoje: contextos, diferenças e trajetórias
Regina Novaes
Um caleidoscópio: semelhanças e diferenças entre jovens brasileiros
Lembrar que "juventude" é um conceito construído histórica e culturalmente já é lugar-comum. As definições sobre "o que é ser jovem?", "quem e até quando pode ser considerado jovem?" têm mudado no tempo e são sempre diferentes nas diversas culturas e espaços sociais.
Circunscrevendo o olhar ao nosso tempo e à nossa cultura, tais definições refletem disputas nos campos político e económico, e também conflitos entre e intragerações. Observa-se que existem grupos e segmentos juvenis organizados que falam por parcelas da juventude, mas nenhum grupo tem a delegação de falar por todos aqueles que fazem parte da mesma faixa etária. E certamente pesquisadores, pais ou "responsáveis" também não podem falar por eles.
E quem são "eles"? São aqueles nascidos há 14 ou 24 anos - seria uma resposta. No entanto, esses limites de idade também não são fixos. Para os que não têm direito à infância, a juventude começa mais cedo. E, no outro extremo - com o aumento de expectativas de vida e as mudanças no mercado de trabalho -, uma parte "deles" acaba por alargar o chamado "tempo da juventude" até a casa dos 30 anos. Com efeito, qualquer que seja a faixa etária estabelecida, jovens com idades iguais vivem juventudes desiguais.
Entre os jovens brasileiros de hoje, a desigualdade mais evidente remete à classe social. Esse recorte se explicita claramente na vivência da relação escola/trabalho. A indagação sobre quando e como um jovem começa ou termina de estudar ou trabalhar expõe as fissuras de classe presentes na sociedade brasileira. Este "quando" e este "como" revelam acessos diferenciados a partir das condições económicas dos pais. Contudo, nas trajetórias dos jovens, as diferenças de origem social e a situação de classe não esgotam o assunto.
Género e raça são outros dois recortes que interferem no problema. As moças pobres podem até se "beneficiar" do crescimento do emprego doméstico, mas ganham menos que os rapazes quando ocupam os mesmos postos de trabalho. Por outro lado, a "boa aparência" exigida para os empregos exclui os jovens e as jovens mais pobres, e este "requisito" atinge particularmente jovens negros e negras. Ser pobre, mulher e negra ou pobre, homem e branco faz diferença nas possibilidades de "viver a juventude".
Mas, de novo, não é tudo. Para a maioria da juventude brasileira que vive nas grandes cidades, há ainda um outro critério de diferenciação: o local de moradia. O endereço faz diferença: abona ou desabona, amplia ou restringe acessos. Para as gerações passadas esse critério poderia ser apenas uma expressão da estratificação social, um indicador de renda ou de pertencimento de classe. Hoje, certos endereços também trazem consigo o estigma das áreas urbanas subjugadas pela violência e a corrupção dos traficantes e da polícia - chamadas de favelas, subúrbios, vilas, periferias, morros, conjuntos habitacionais, comunidades. Ao preconceito e à discriminação de classe, género e cor adicionam-se o preconceito e "a discriminação por endereço".
No acesso ao mercado de trabalho, o "endereço" torna-se mais um critério de seleção. No imaginário social, "o jovem que mora em tal lugar de bandidos é um bandido em potencial: melhor não empregar". Ou se ele "mora ali, não vai poder sair para trabalhar quando houver um conflito entre grupos de traficantes ou entre traficantes e a polícia: melhor não empregar". Conscientes da existência da "discriminação por endereço" que opera -consciente ou inconscientemente - nas seleções para o trabalho, muitos jovens encontram estratégias para ocultar o lugar onde vivem e lançam mão de endereços dos patrões dos pais, de parentes, de bairros próximos ou caixas postais.
Contudo, todos esses aspectos até aqui citados ainda não esgotam o diferenciado mosaico que podemos chamar de "juventude brasileira". As chamadas disparidades regionais e as relações entre o campo e a cidade devem ser consideradas em um necessário diagnóstico. Isto é, as diferenças (com seus efeitos positivos ou negativos) entre regiões do país, entre ser jovem no campo ou na cidade, e mesmo as diferenças entre cidades grandes e pequenas devem ser levadas em conta para caracterizar matizes da condição juvenil. Certamente as particularidades locais podem atenuar ou acentuar algum dos vários vetores que produzem e/ou reproduzem desigualdades sociais.
NOVAES, Regina. Os jovens de hoje: contextos, diferenças e trajetórias. In: ALMEIDA, Ma. Isabel Mendes de, EUGENIO, Fernanda (orgs.) Culturas jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, p. 105-120.
domingo, 31 de julho de 2011
AULAS DE AGOSTO
De 11 a 19 de agosto teremos módulo com os Componentes Curriculares: Políticas para Educação Básica no Brasil, Teoria da História, Sociologia Contemporânea. As aulas serão na mesma sala de julho. Não haverá o seminário .... mas o artigo será cobrado!!!
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Ei pessoal estamos aperfeiçoando este blog para facilitar nossa comunicação, enviar textos, horários de aulas, recados....e por aí vai.
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